Litovchenko, Alexander. A Travessia de Caronte. Óleo Sobre Tela. Museu Russo, São Petersburgo |
Na primeira vez que vi Caronte,
minha vida pareceu mais acabada.
Mas passadas quase três eternidades,
mirando sua face na saída,
pareceu-me a única amiga
a que eu já tinha observado.
Na terceira vez que Caronte encontrei,
já trazia o coração despedaçado:
nem o cumprimentei, pobre barqueiro.
Paguei e ordenei que atravessasse.
Eu lamentando ter morrido de infarto
e com paixão mandando no meu peito.
Caronte, agora, encontro todo dia:
é porteiro do prédio onde trabalho.
Com bom dia o saúdo logo cedo;
vem trazer o meu jornal todo amassado.
E, ao sair, digo assim, meio com medo:
boa noite, meu barqueiro desgraçado.
Ouça o poema na voz do ator alagoano Chico de Assis:
Um comentário:
Fantástico, Vitor.
Abraços!
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