quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Edmar Vieira, poeta maracaense

Um comentário:

JIVM disse...

Edmar Vieira é um poeta que tem o olhar voltado para as coisas do cotidiano. A sua percepção do humano é de perplexidade, pois tão mínimos e tão efêmeros, pensamos em conquistar o Universo, quando na verdade escravizamos nosso olhar às vitrines e nosso tempo, em quitar prestações. Em "Avenida Tapajós" Edmar parece querer dizer que não avançamos muito mais que as formigas.

Motivo

Eu canto porque o instante existe

e a minha vida está completa.

Não sou alegre nem sou triste:

sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,

não sinto gozo nem tormento.

Atravesso noites e dias

no vento.

Se desmorono ou se edifico,

se permaneço ou me desfaço,

— não sei, não sei. Não sei se fico

ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.

Tem sangue eterno a asa ritmada.

E um dia sei que estarei mudo:

— mais nada.

Cecília Meireles