domingo, 3 de maio de 2009

A poesia de Ângela Toledo

ÂNGELA TOLEDO POR ÂNGELA TOLEDO

Ângela Toledo pintando os muros do Morro de São Paulo-BA
De Miracema (RJ), onde nasci em 10 de outubro de 1963, mudei-me para Salvador, em janeiro de 1986, onde trabalhei em agências de publicidades como a Publivendas (Fernando Carvalho) e DM-9 (Duda Mendonça). Em Salvador comecei a publicar meus poemas em folhetos, influenciada na época pelos "Poetas da Praça" e pelos intelectuais e escritores que frequentavam o "Quintal - Raso da Catarina" no Campo Grande.
Desde 1991, moro em Morro de São Paulo (município de Cairu-BA), povoado turístico da ilha de Tinharé, na Costa do Dendê. Lá, ao lado de Beto Bahia e Fernanda ViaCava, fundei o Grupo Ensaio, o primeiro do gênero em Morro.
Depois de quatro "folhetins", lancei 40 modelos de poemas postais em série de 8, ilustrados por artistas diferentes. Lancei um poema cartaz com foto de Claude Santos e no total foram sete livros alternativos sendo que o primeiro, Azul (1995), teve apresentação de Jorge Mautner e o último, Vaga Lume, foi publicado em 2004. São livros muito simples e afora os dois mencionados os outros foram feitos por mim mesma. Faço também camisas e bolsas com poesias minhas, em pintura e silckreen. Pinto os muros com poemas, que viraram atração turística aqui no Morro.
Apresento performances ou recitais de Poesia no Teatro do Morro (toda quarta-feira), e onde sou convidada. Organizei durante onze anos a "Semana da Poesia do Morro de São Paulo" de 11 á 14 de março, mantive um projeto de educação sócio-ambiental (voluntariado) e a criação do Grupo Poema Doido com as crianças do projeto.

Este ano retomei meus estudos para concluir o 2º grau. Trabalhei muitos anos como babá, doméstica, balconista, enfermeira, fotógrafa e garçonete. E tenho amigos excepcionais que me enchem de orgulho e alegria já por serem meus amigos.



SILÊNCIO
pintura de Ângela Toledo

Tem silêncio em mim,
que não me deixa nem
silenciosamente escrever.
Tem um silêncio em mim,
que ninguém consegue ver
que se perde em si próprio
de tanto se saber.
Tem um silêncio em mim, que
se guarda e se separa,
que se acalma, mas não pára,
que se esconde mas não se cala.
Tem um silêncio em mim,
que nem sei de onde vem:
talvez venha de alguém
e se guarde não sei prá quem.


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Motivo

Eu canto porque o instante existe

e a minha vida está completa.

Não sou alegre nem sou triste:

sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,

não sinto gozo nem tormento.

Atravesso noites e dias

no vento.

Se desmorono ou se edifico,

se permaneço ou me desfaço,

— não sei, não sei. Não sei se fico

ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.

Tem sangue eterno a asa ritmada.

E um dia sei que estarei mudo:

— mais nada.

Cecília Meireles