terça-feira, 2 de junho de 2009

A poesia de Damário Dacruz

Damário Dacruz nasceu em 1953, no bairro do Santo Antônio Além do Carmo, em Salvador. Começou a escrever ainda na adolescência e, mesmo com o desejo do pai de que se tornasse engenheiro, decidiu construir suas obras com palavras, imagens e sonhos. Os seus primeiros poemas surgiram nas salas do Colégio Central, mesma instituição onde se revelaram grandes ícones da arte baiana como Glauber Rocha, Calazans Neto e outros.
Membro da geração de artistas surgida nos anos 70, viveu intensamente a efervescência cultural e política da época e produziu movido pela crença na possibilidade de mudar a realidade ao seu redor. Dedicado ao ofício da poesia desde o início da sua vida, Damário Dacruz publicou seu primeiro livro aos vinte anos, mas já havia recebido o primeiro prêmio ainda adolescente.
 Percorreu o Brasil em busca de novos poetas e diferentes formas de divulgar suas obras, exercitando uma das suas crenças mais profundas: a arte deve surgir do povo, para o povo.
Como estudante de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (UFBA), fundou o jornal UNE-VERSOS. Dedicada à arte, a publicação foi um verdadeiro marco para a época. Também na UFBA, desenvolveu uma segunda paixão: a fotografia. Demonstrava, com as lentes, a mesma sensibilidade que exibia com as palavras. E conseguiu registrar, em imagens, muitos dos temas presentes na sua obra poética. Ao longo da carreira, exibiu fotos em galerias do Brasil e do mundo.
Mesmo sendo poeta de ofício, com quatro livros publicados, foi quando aliou a poesia com a fotografia que Damário Dacruz encontrou o suporte ideal para manifestar sua visão de mundo. Seus fotos-poemas, junções sensíveis entre as imagens que produzia e os versos que escrevia, atingiram grande popularidade.
O mais conhecido deles, “Todo Risco”, lançado em 1985, vendeu mais de 100 mil exemplares. Formada por uma imagem em preto e branco dos trilhos da cidade de Cachoeira, acompanhada por versos que falam da coragem frente aos desafios da vida, a publicação esgotou por seguidas edições.

http://www.damariodacruz.com.br/






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Motivo

Eu canto porque o instante existe

e a minha vida está completa.

Não sou alegre nem sou triste:

sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,

não sinto gozo nem tormento.

Atravesso noites e dias

no vento.

Se desmorono ou se edifico,

se permaneço ou me desfaço,

— não sei, não sei. Não sei se fico

ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.

Tem sangue eterno a asa ritmada.

E um dia sei que estarei mudo:

— mais nada.

Cecília Meireles