domingo, 5 de julho de 2009

A poesia de Carlos Barbosa

CARLOS BARBOSA nasceu em 17 de maio de 1958, na fazenda dos avós maternos, no Brundué falado, município de Oliveira dos Brejinhos, vale do rio Paramirim, que deságua no de São Francisco. Criado em Ibotirama, margem direita do Velho Chico, cursou o ensino médio no Colégio Central, em Salvador. Estudou Odontologia na UFBA, curso que abandonou no último semestre para estudar Jornalismo, na mesma universidade. Até então cometia seus versos, escrevia letras de música, participava de festivais e teve seu primeiro texto em prosa premiado no Concurso Permanente de Contos do Jornal da Bahia (1977). Trabalhou na assessoria de comunicação da Caixa Econômica Federal na Bahia e na Matriz, em Brasília, onde ocupou cargos de assessor, gerente, chefe de divisão e gerente executivo da área de publicidade. Estudou Direito na UniCeub, em Brasília. Publicou seu primeiro livro de poemas, Água de Cacimba, em 1998.
O segundo livro de poemas, Matalotagem e outros poemas da viagem, veio em 2006 pelo Selo Letras da Bahia. Em 2002, a Bom Texto Editora publicou seu romance A dama do Velho Chico, selecionado pelo MEC para o PNBE 2009. Em 2002, ainda, foi premiado pelo Ministério da Cultura por adaptação do romance A dama do Velho Chico para longa-metragem, no Concurso de Desenvolvimento de Roteiros realizado naquele ano. Em 2004, participou da antologia Poesia de Brasilia, organizada por Joanyr de Oliveira, e da Antologia do Conto Brasiliense, organizada por Ronaldo Cagiano. Mantém um blogue na Internet “contosempre.zip.net”. Mora em Salvador.


Carlos Barbosa vai se apresentar, no próximo dia 11 de julho, no projeto Uma Prosa Sobre Versos, na cidade de Maracás, Bahia.


A PORTA NO CHÃO

há duas portas em meus olhos
do tipo corta-fogo

há uma dura mão-de-pilão
em meu coração

e minhas mãos colhem
toda manhã
o orvalho que cobre meu peito

há sempre uma porta no chão,
meu eterno tropeço

Carlos Barbosa

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Motivo

Eu canto porque o instante existe

e a minha vida está completa.

Não sou alegre nem sou triste:

sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,

não sinto gozo nem tormento.

Atravesso noites e dias

no vento.

Se desmorono ou se edifico,

se permaneço ou me desfaço,

— não sei, não sei. Não sei se fico

ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.

Tem sangue eterno a asa ritmada.

E um dia sei que estarei mudo:

— mais nada.

Cecília Meireles