segunda-feira, 5 de outubro de 2009

A poesia de Adriano Eysen

Adriano Eysen Rego (1976), poeta, contista e crítico literário, é natural de Salvador. Licenciado em Letras Vernáculas pela UEFS, Especialista em Estudos Literários pela UNEB, professor de Literatura Portuguesa e Brasileira da UNEB – Campus XXII – Euclides da Cunha, Mestre em Literatura e Diversidade Cultural pela UEFS e membro do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia. O autor publicou os livros: Suspiros das existências (1999 – poemas); Crepúsculo das Almas (2000 – poemas pelo MAC – Museu de Arte Contemporânea de Feira de Santana); Diário de um Louco (2001 – contos - MAC); Sopros (2002 – poemas - MAC) e Imagens do Sertão na poética de Castro Alves (2005/06 – ensaio - UESB). Tem artigos publicados em  revistas, a exemplo de Outros Sertões e Iararana, e jornais como A Tarde Cultural e Tribuna Feirense. Participou dos projetos Malungos (Salvador - 2005); Porto da Poesia na Bienal do Livro (Salvador – 2005); Poesia na Boca da Noite (Salvador); Caruru dos Sete Poetas (Cachoeira - 2006) e coordenou Café Literário no Congresso de Educação de Vitória da Conquista-BA (2005 – 2006).


NFÂNCIA

As borboletas trazem o hálito da manhã
e nas suas asas repousa
a leveza da minha infância.

No menino de ontem
só a antiga fotografia
das bolas de gude no quintal

e num sossego, os olhos de minha mãe
carregam o azul do céu
único como as borboletas

que dormem no sono
do menino
habitante desses versos.

Nenhum comentário:

Motivo

Eu canto porque o instante existe

e a minha vida está completa.

Não sou alegre nem sou triste:

sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,

não sinto gozo nem tormento.

Atravesso noites e dias

no vento.

Se desmorono ou se edifico,

se permaneço ou me desfaço,

— não sei, não sei. Não sei se fico

ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.

Tem sangue eterno a asa ritmada.

E um dia sei que estarei mudo:

— mais nada.

Cecília Meireles