domingo, 23 de maio de 2010

Nosso adeus ao Fotógrafo da Poesia


Em 5 de junho de 2009, Damário Dacruz esteve em Maracás para participar do projeto Uma Prosa Sobre Versos. Foi um momento muito bonito. Damário sabia cativar platéias e seus versos curtos surtem um forte efeito em quem ouve. O Grupo Concriz fez um belo recital e tirou lágrimas do poeta do Pouso da Palavra.
Terminado o evento, fomos para uma pizzaria, onde conversamos bastante.
No dia seguinte o poeta de “Todo risco” partiu com sua namorada para Salvador, no ônibus das seis da manhã.
No dia 21 de maio de 2010, aos 53 anos e quase 40 dedicados à poesia, faleceu em Salvador, vítima de câncer. Foi enterrado em Cachoeira, onde deixou uma obra que vai além das suas publicações e que, hoje, permanece viva através do Instituto que leva o seu nome. Antes de falecer, porém, deixou sua despedida em forma de versos; o adeus de um poeta.



Damário Dacruz no Uma Prosa Sobre Versos

CANÇÃO DA DESPEDIDA
Para Damário Dacruz (In Memorian)

Em ti compus meus versos.
O Gran Finale talvez tenha
vindo antes do tempo,
mas nem sempre o relógio acerta.

O Concriz atrasou sua partida
pois, em maio,
o céu estava escuro.

Agora, sempre que junho vier,
lembraremos de ti,
porque um pássaro
nunca pára de voar
se nada lhe for arrancado.

Vive-se a poesia em teu nome,
porque tua presença
transcende outras vidas
e algo me fala,
no meu íntimo,
que te encontraremos
em outras
auroras.


Caroline Brito, 15 anos, é integrante do Grupo Concriz e estudante do Colégio Militar de Jequié-BA. O poema acima foi criado logo após a morte de Damário Dacruz e inscrito no TAL (Tempos de Arte Literária), concurso de literatura da Secretaria de Educação do Estado da Bahia para estudantes dos Ensino Básico.


3 comentários:

Ivana Karoline - Grupo Concriz disse...

Gostei muito do seu poema, Carol.
Eu espero que o seu texto seja selecionado no Projeto TAL. Percebi que o criou com sentimento. No entanto, se não for selecionado, já valeu essa maravilhosa e única sensação. Parabéns!

Robson-Grupo Concriz disse...

muito bem caroline gostei muito do seu poema se fosse para mim dar uma nota eu daria 10 continui assim. abraços!!!

Poemas disse...

Muito Bem carol

Lindo o seu poema

Motivo

Eu canto porque o instante existe

e a minha vida está completa.

Não sou alegre nem sou triste:

sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,

não sinto gozo nem tormento.

Atravesso noites e dias

no vento.

Se desmorono ou se edifico,

se permaneço ou me desfaço,

— não sei, não sei. Não sei se fico

ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.

Tem sangue eterno a asa ritmada.

E um dia sei que estarei mudo:

— mais nada.

Cecília Meireles