sábado, 3 de julho de 2010

A poesia de Wilmar Silva

WILMAR SILVA, Rio Paranaíba, Minas Gerais, Brasil, 30 de abril de 1965. Poeta, performer, editor, artista visual e sonoro, pesquisador com formação em artes cênicas, letras e psicologia. Autor dos livros de poesia: Çeiva (Brasil, 1997), ANU (Brasil, 2001), Arranjos de Pássaros e Flores (Brasil, 2002), Cachaprego (Brasil, 2004), Yguarani (Portugal, 2009), Lágrimas en el Lago de Púrpura (Argentina, 2009), Silvaredo (Brasil, 2010), Astillas en el Lago Púrpura (República Dominicana, 2010). Performances: Afrorimbaudelia, Subida ao Paraíso, O sétimo Corpo, Ee Tu Mao, Eusmaranhados, NeoNão. Antologias: Antologia da Nova Poesia Brasileira (Brasil), A Poesia Mineira no Século XX (Brasil), Oiro de Minas a nova poesia das Gerais (Portugal), Máscaras de Orfeo (República Dominicana). Organizou as antologias: O achamento de Portugal (2005), Terças Poéticas: jardins internos (2006). E a contraantologia: Portuguesia (2009), livrodvd com 101 poetas de Portugal, Guiné-Bissau, Cabo Verde, Brasil (Minas Gerais). Fundador e editor da Anome Livros, prêmio Jabuti 2009. Curador do projeto de leitura, vivência e memória de poesia Terças Poéticas, Fundação Clóvis Salgado, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Desenvolve pesquisa de poesia de língua portuguesa Portuguesia: Minas entre os povos da mesma língua, antropologia de uma poética (http://www.portuguesia.com.br/). Editor e apresentador do programa Tropofonia (http://www.tropofonia.com.ar/), rádio educativa 104,5 UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Artista convidado: Fórum das Letras (Ouro Preto, MG, Brasil), Psiu Poético (Montes Claros, MG, Brasil), Bienal do Livro de Minas (Belo Horizonte, MG, Brasil), Feira do Livro de Santo Domingo (República Dominicana), Bienal do Livro de Fortaleza (Ceará, Brasil), Congresso Brasileiro de Poesia (Bento Gonçalves, RS, Brasil), Festival Tropofonia (Rosario, Argentina), Encontro Internacional de Poetas de Coimbra (Portugal), Bienal de Poesia de Brasília (Distrito Federal, Brasil), Otono Cultural Ibero-americano (Huelva, Espanha).


Cachoeiras

Chorei de tanto mirar o corpo de meu pai,
O corpo sozinho quente esfriando de meu pai, O
Corpo quente esfriando sozinho, Chorei
Arrasado Devastado Comido Bebido por um
E por todos Abandonei meus sonhos meus P
és

Chorei me Desesperei frente a todos,
Eu E o cavaleiro ladrão de vento Orgair, Eu E
a maior Antônia, eu E a menor Elenice
Eu e a que chegou condor Maria Que depois

Perdeu um Angel

Mãe, isso não é um nome nem um chamado,
É um grito, o grito mais alto ao mais altoaltar


o Altar sem Andor

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Motivo

Eu canto porque o instante existe

e a minha vida está completa.

Não sou alegre nem sou triste:

sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,

não sinto gozo nem tormento.

Atravesso noites e dias

no vento.

Se desmorono ou se edifico,

se permaneço ou me desfaço,

— não sei, não sei. Não sei se fico

ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.

Tem sangue eterno a asa ritmada.

E um dia sei que estarei mudo:

— mais nada.

Cecília Meireles