quinta-feira, 7 de outubro de 2010

A poesia de Myriam Fraga

Myriam Fraga (Salvador, (9 de novembro de 1937) é uma poeta e escritora brasileira.
Começou a escrever no fim da década de 1950, publicando seus primeiros poemas em jornais e revistas. Seu primeiro livro foi publicado em 1964, pela editora Macunaíma, de Glauber Rocha.
Tem 20 livros publicados, entre poesia e prosa. Pertence à Academia de Letras da Bahia e ao Conselho de Cultura do Estado. Participou de várias Antologias no Brasil e exterior, tendo poemas traduzidos para o inglês, francês e alemão. Entre suas recentes publicações: Sesmaria e Femina (poesia), Jorge Amado, Castro Alves, Luis Gama e Carybé (literatura infantil), Leonídia – a musa infeliz do poeta Castro Alves (biografia). É diretora da Casa de Jorge Amado, em Salvador, Bahia, Brasil.

Retórica

Quem dirá o que é o mal
E o que é o bem
Se todas as coisas se tocam
E se devoram
— Alfa Ômega —
E no final
É a mesma terra suja
De ninguém?

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Motivo

Eu canto porque o instante existe

e a minha vida está completa.

Não sou alegre nem sou triste:

sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,

não sinto gozo nem tormento.

Atravesso noites e dias

no vento.

Se desmorono ou se edifico,

se permaneço ou me desfaço,

— não sei, não sei. Não sei se fico

ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.

Tem sangue eterno a asa ritmada.

E um dia sei que estarei mudo:

— mais nada.

Cecília Meireles