domingo, 5 de dezembro de 2010

A sagração do mito - poema de José Inácio recitado por Rita Santana

Poema de José Inácio Vieira de Melo
Recitado por Rita Santana
Imagens de Remedios Varo
Música de Toumani Diabate
Edição de Edelvito Nascimento

Nenhum comentário:

Motivo

Eu canto porque o instante existe

e a minha vida está completa.

Não sou alegre nem sou triste:

sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,

não sinto gozo nem tormento.

Atravesso noites e dias

no vento.

Se desmorono ou se edifico,

se permaneço ou me desfaço,

— não sei, não sei. Não sei se fico

ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.

Tem sangue eterno a asa ritmada.

E um dia sei que estarei mudo:

— mais nada.

Cecília Meireles