segunda-feira, 10 de outubro de 2011

A poesia de Lima Trindade

Nascido em Brasília, Distrito Federal, nos agitados anos 60, Lima atualmente reside em Salvador, Bahia. Mestre em Letras pela Universidade do Estado que o acolheu, estuda sistematicamente ao longo dos anos as obras e os contos de autores que mais admira, destacando-se João Silvério Trevisan, Reinaldo Arenas e David Leavitt. Edita mensamente, desde 1999, a revista eletrônica Verbo21. Possui textos publicados em jornais, revistas, suplementos literários e em domínios da internet no Brasil e no exterior.

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Motivo

Eu canto porque o instante existe

e a minha vida está completa.

Não sou alegre nem sou triste:

sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,

não sinto gozo nem tormento.

Atravesso noites e dias

no vento.

Se desmorono ou se edifico,

se permaneço ou me desfaço,

— não sei, não sei. Não sei se fico

ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.

Tem sangue eterno a asa ritmada.

E um dia sei que estarei mudo:

— mais nada.

Cecília Meireles