terça-feira, 8 de maio de 2012

A poesia de Raimundo Gadelha e Martha Galrão

Raimundo Gadelha
paraibano, formado em Publicidade e em Jornalismo pela Universidade Federal do Pará, com especialização na Universidade de Sophia, em Tóquio, Japão, onde viveu durante três anos, depois de ter estudado em Nova York. Poeta e fotógrafo, sua obra percorre o romance e a poesia, geralmente associada à Fotografia. Trabalhou durante três anos como editor da Aliança Cultural Brasil-Japão e, em 1994, fundou a Escrituras Editora que já tem em seu catálogo mais de 400 títulos.








Martha Galrão nasceu em Salvador no ano de 1966. Formada em Psicologia, prefere ser  professora e poeta. “Sempre escrevi por uma necessidade, e quando comecei a mostrar a outras pessoas, estas pessoas me contaram que eu escrevia poesia”, diz ela.A poetisa sofreu influência também de escritores famosos como Cecília Meireles, Adélia Prado, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e Arnaldo Antunes.Inspirada a escrever tanto em momentos alegres, como em momentos de angustia, ser poeta para Martha é: “Uma pessoa que não agüenta só engolir o mundo, mas necessita com urgência se expressar e admirar a beleza”.


Postal do livro Dez Íntimos Fragmentos do Indecifrável Mistério
de Raimundo Gadelha
Mãe

surpreendo-me com a eternidade

quando distraída repito seu gesto,
tão parecido parece igual
nos traços do rosto
e nas traças do tempo.

Tempo que banha o seu e o meu corpo,
que fez do meu ventre, abrigo,
revolvendo o ponto de partida,
disfarçando-nos em irmãs.

Martha Galrão

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Motivo

Eu canto porque o instante existe

e a minha vida está completa.

Não sou alegre nem sou triste:

sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,

não sinto gozo nem tormento.

Atravesso noites e dias

no vento.

Se desmorono ou se edifico,

se permaneço ou me desfaço,

— não sei, não sei. Não sei se fico

ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.

Tem sangue eterno a asa ritmada.

E um dia sei que estarei mudo:

— mais nada.

Cecília Meireles