domingo, 29 de julho de 2012

A poesia de José Geraldo Neres


Autor do livro Olhos de Barro, que recebeu menção especial no 3º Prêmio Gov. de Minas Gerais de Literatura, ficção – 2010, José Geraldo Neres é poeta, ficcionista, roteirista, dramaturgo (com formação em oficinas e cursos de criação textual), produtor e gestor cultural paulista. Publicou os livros de poesia: Pássaros de papel (Dulcinéia Catadora, 2007) e  Outros silêncios (Escrituras Editora, 2009): Publicações em suplementos, revistas literárias no Brasil e exterior, com traduções para Castelhano e Francês. Ministra oficinas literárias, com ênfase em criação literária e estímulo à leitura. Curador do projeto Quinta poética encontros multilinguagens promovidos pela Escrituras Editora e Casa das Rosas – Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura (2010/2012). Diretor da União Brasileira de Escritores – UBE (2012/2013). 


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Motivo

Eu canto porque o instante existe

e a minha vida está completa.

Não sou alegre nem sou triste:

sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,

não sinto gozo nem tormento.

Atravesso noites e dias

no vento.

Se desmorono ou se edifico,

se permaneço ou me desfaço,

— não sei, não sei. Não sei se fico

ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.

Tem sangue eterno a asa ritmada.

E um dia sei que estarei mudo:

— mais nada.

Cecília Meireles