sexta-feira, 2 de maio de 2008

A poesia de Lita Passos

Angelita de Almeida Passos, ou simplesmente Lita Passos, como é conhecida, é gestora de comunicação (UFBA), administradora, professora, poeta e atriz. Nascida em Cruz das Almas-BA, atua na Universidade Corporativa do Serviço Público da SAEB, no Núcleo de Gestão do Conhecimento e Comunicação. Publica poemas em jornais e revistas literárias desde 1990. É autora dos livros Mão Cheia (poesias e contos), 2005, e Flores de Fogo (Poesias), 1994, entre outros.
 Ela conta que teve dois momentos “iniciáticos” com a poesia, o primeiro aos seis anos, quando recitou um poema na escola, o segundo, já adulta, quando ao lado de poetas veteranos escreveu: “Sou uma reticência fluindo em versos...”.


AURORA
  
A líquida voz do
teu corpo desnudo
flui sem lei

Leve flor animal
suspensa no meu olhar
maduro,  flutua

O vento insinua
o teu ânimo afoito
de menino arqueiro.

na aurora do teu beijo
a voz  do tempo flameja
coisas da delicadeza.


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Motivo

Eu canto porque o instante existe

e a minha vida está completa.

Não sou alegre nem sou triste:

sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,

não sinto gozo nem tormento.

Atravesso noites e dias

no vento.

Se desmorono ou se edifico,

se permaneço ou me desfaço,

— não sei, não sei. Não sei se fico

ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.

Tem sangue eterno a asa ritmada.

E um dia sei que estarei mudo:

— mais nada.

Cecília Meireles