sexta-feira, 4 de julho de 2008

A poesia de Roberval Pereyr

Roberval Pereyr, natural de Antônio Cardoso-Bahia (1953), em 1964, radicou-se em Feira de Santana. Doutor em Letras (Unicamp), é poeta, ensaísta e professor da Universidade Estadual de Feira de Santana e um dos fundadores da revista de poesia Hera (Feira de Santana, 1973). Fundou também, ao lado do poeta Pablo Simpson, a revista de poesia Duas Águas. Vencedor de vários concursos literários. Entre os livros publicados, encontram-se As roupas do nu(1981); Ocidentais (1987); O súbito cenário (1996); Concerto de ilhas (1998); Saguão de mitos (1998) e Amálgama – Nas praias do avesso e poesia anterior (2004). Participou em várias antologias, entre as quais A poesia baiana no século XX, organizada por Assis Brasil, e Roteiro da Poesia Brasileira – Anos 80, organizada por Ricardo Vieira Lima. Tem inéditos em romance e novela. Pereyr atua também como compositor e arranjador musical. Possui vários poemas musicados pelo cantor Márcio Pazin, como “Galope”, que conta com bela interpretação da dupla Márcio Pazin e Carol Pereyr, cantora e filha do poeta.



LÍRICO


Na selva de meus dilemas
tratei com feras: palavras.

São belas, são éguas bravas
na alma, que é mãe de éguas.

E perscrutei sob trevas
a nova era e seus mapas:

abri veredas e rotas
às feras que eu libertava.

Ó selvas de meus dilemas
ó éguas da alma, bravas.


Condição
poema de Pereyr musicado por Márcio Pazin e Carol Pereyr




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Motivo

Eu canto porque o instante existe

e a minha vida está completa.

Não sou alegre nem sou triste:

sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,

não sinto gozo nem tormento.

Atravesso noites e dias

no vento.

Se desmorono ou se edifico,

se permaneço ou me desfaço,

— não sei, não sei. Não sei se fico

ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.

Tem sangue eterno a asa ritmada.

E um dia sei que estarei mudo:

— mais nada.

Cecília Meireles