Antonio Carlos de Oliveira Barreto, natural de Santa Bárbara-Bahia.
Professor, poeta e cordelista. Graduado em Letras Vernáculas e pós-graduado em
Psicopedagogia e Literatura Brasileira.
Vários trabalhos em jornais, revistas e antologias, tendo publicado
mais de 60 folhetos de cordel que abordam temas ligados à Educação, problemas
sociais, futebol, humor.
Ultimamente Antonio Barreto vem se dedicando à cantoria e ministrando
palestras e oficinas de cordel em escolas públicas, particulares, faculdades e
outras instituições.
Seu terceiro livro de poemas, Flores de Umburana (Selo Letras da
Bahia, 2006), ao contrário de boa parte da sua produção cordelística, que trata
dos fatos cotidianos da sua província e dos acontecimentos do mundo
globalizado, Flores de umburana segue por outro caminho – a trilha das
ausências. Seus versos trazem as sensações de quem olha para as coisas e os
seres e consegue experimentar o pasmo que há neles e a relatividade do seu
trânsito.
o menino a contemplar
as lágrimas de Heráclito
e o bem-te-vi
anunciando ausências

Mesmo quando caminha pelas formas fixas, como nos sonetos “Agalopado”
e “Soneto do amor banal”, o primeiro vazado em hendecassílabos e o outro em
heptassílabos, consegue ser leve e fluente como a brisa que povoa as paragens
de onde provém, os sertões de Santa Bárbara, e nos transporta para dentro das
imagens que evoca, não para pensarmos sobre elas, “mas para olharmos para elas
e estarmos de acordo”, como nos ensina Fernando Pessoa por intermédio de seu
heterônimo Alberto Caeiro, o já citado guardador de rebanhos.
A maneira descritiva e o poder de sugestão de seus versos, levam o leitor
para dentro da paisagem que vai inventando, convertendo-o em parte desse
cenário, ou seja, tornando-o parte daquela ordem, um elemento componente
daquela organização.
O fogo dos ventos soprando do norte,
a noite azulada tangendo os abismos.
Na dança da flecha se vão os aforismos:
paisagens, caminhos, sertões, um galope.
Mais do que uma metamorfose, esse movimento pode ser compreendido como
uma aceitação do processo natural e espontâneo da vida, pois apesar de
descobrir “que a vida/ é puro arco-íris de/ interrogações”, sabe que “Ao meu
controle foge o leme do destino/ tal o poema escapa de minhas mãos”. Essas
impressões proporcionam um sentimento de integração com o Cosmo, e, nesse
sentido, estamos diante não apenas de um poeta telúrico, mas também de um poeta
holístico.
Em outros momentos, apresentar quadros de vivências, utilizando-se da
linguagem suave que lhe é peculiar, a exemplo do belo poema “Primeira
comunhão”, que trata das descobertas da infância e nos remonta ao primeiro
alumbramento do mestre Manuel Bandeira:
A língua do vento
suspende a saia
da indefesa mocinha
O garotinho,
mais-que-surpreso,
rompe a timidez:
que linda Flor Negra!
E, como não poderia deixar de ser, Antonio Carlos de Oliveira Barreto,
cantador de boa cepa, conclui esse poemário de umburanas-de-cheiro, que aponta
para promissores caminhos poéticos, “Cordelizando”:
Sou do seio das catingas
Lá das bandas do sertão
Trago na veia a essência
Dos acordes do azulão
Do assum preto o sustenido
Da cigarra o alarido
Da coruja a solidão.
Margareth canta caipira intinerante, poema de Antonio Carlos de Oliveira Barreto
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