domingo, 27 de dezembro de 2009

Poetas do Grupo Concriz


O Concriz, é um grupo de poetas e recitadores de poemas. Alguns integrantes do grupo, de diferentes idades, já escrevem belos poemas, alguns dos quais podemos vislumbrar aqui e agora.

Centauro


Estava passando na rua
e vi um centauro vermelho.
Ele era lindo e estrondoso.
Todos os dias, via aquele centauro
sempre no mesmo lugar.
Aquele centauro vermelho
lindo e estrondoso
andava comigo a todo instante.

Felipe Damasceno






Fillipe Lago Damasceno, de 9 anos, é integrante do Grupo CONCRIZ desde março deste ano e cursa a 3ª série do Ensino Fundamental no Colégio Moderno de Maracás. De uma inquieta curiosidade, quer saber de tudo, quer ler os livros de poesia que utilizamos e fica escarafunchando a internet em busca de notícias sobre o grupo e postagens nos blogs. Fillipe é doce, comportado e inteligente. Hoje publicamos o primeiro de quatro poemas de sua autoria. É um orgulho observar o nascimento prematuro de um poeta.



A noite dentro do dia

A noite queima o peito do cego
e o dia acaba com a frieza da noite.

A noite passa em vão
e o dia é indiscreto.

A noite é violenta
e o dia é inquieto.

A noite ferve dentro do peito cego.

Robson Nascimento






Robson Santos Nascimento, de 10 anos, estudante da 5ª série no Colégio Normal Municipal de Maracás. Robson faz parte do grupo desde 2008 e é um bom leitor de poesia. Já tem um projeto de um livro que versa sobre a temática do tempo.


Circo das palavras
  
Meu mundo é um picadeiro.
Não tenho lonas,
senão esse punhado de estrelas
que cobrem minha fronte.

Cada qual em seu ofício:
O meu é domar palavras,
às vezes lançá-las feito punhais
cravando-as em minha realidade.

Domar palavras e equilibrá-las
na ponta da língua, pensar antes de
deixá-las ganhar o respeitável público.

Marcelo Nascimento


Marcelo Nascimento nasceu em 1983, em Maracás, onde reside. É um dos coordenadores do Grupo Concriz. Cursa Letras na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), campus de Jequié.
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CARONTE

Na primeira vez que vi Caronte,
minha vida pareceu mais acabada.

Mas passadas quase três eternidades,
mirando sua face na saída,
pareceu-me a única amiga
a que eu já tinha observado.

Na terceira vez que Caronte encontrei,
já trazia o coração despedaçado:

nem o cumprimentei, pobre barqueiro.
paguei e ordenei que atravessasse,
eu, lamentando ter morrido de infarto
e com paixão mandando no meu peito.

Caronte, agora, encontro todo dia:
é porteiro do prédio onde trabalho.

Com bom dia o saúdo logo cedo;
vem trazer o meu jornal meio amassado.
E, ao sair, digo assim, meio com medo:
boa noite, meu barqueiro desgraçado.

Edelvito Nascimento

Edelvito Almeida do Nascimento (5/6/82) é baiano de Maracás. Tem trabalhos publicados no Cronópios e Correio das Artes (PB). Poeta e professor de literatura, formado em Letras na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), é co-diretor do Grupo CONCRIZ.

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Motivo

Eu canto porque o instante existe

e a minha vida está completa.

Não sou alegre nem sou triste:

sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,

não sinto gozo nem tormento.

Atravesso noites e dias

no vento.

Se desmorono ou se edifico,

se permaneço ou me desfaço,

— não sei, não sei. Não sei se fico

ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.

Tem sangue eterno a asa ritmada.

E um dia sei que estarei mudo:

— mais nada.

Cecília Meireles